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Gestor onisciente: necessidade trazida pela ascensão das plataformas digitais

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Em uma gestão cada vez mais digitalizada, a quantidade de dados e informações geradas em tempo real é (e precisa ser) massiva. Mas quantidade não é suficiente: o uso estratégico e integrado dessas informações deve estar no topo das prioridades para o gestor, que precisa mais do que nunca ser onisciente de todos os processos e fluxos internos da instituição.

De que forma os gestores têm lidado com os desafios das múltiplas plataformas e como o setor pode otimizar processos e resultados a partir do uso das plataformas digitais? Foi a partir dessa premissa que, durante o Saúde Business Fórum, principal evento de relacionamento entre pares do setor de saúde no Brasil, o painel “Da porta pra dentro: onisciência do gestor frente à ascensão das plataformas digitais” reuniu para um bate papo Edgar Gil Rizzatti, diretor executivo do Grupo Fleury, Ademir Novais, CIO do Hospital Português de Beneficência em Pernambuco, e Klaiton Simão, Diretor de TI do Hospital Infantil Sabará.

Mundo em transformação

Desmistificar a transformação digital foi um dos temas centrais da conversa. “O mundo corporativo está finalmente entendendo que uma transformação digital exige uma transformação cultural. Muitas iniciativas têm falhado por não seguir essa lógica”, comentou Klaiton Simão. Para Edgar Rizzatti, entender a transformação como uma jornada ajuda a alinhar as expectativas. “Podemos traçar um paralelo interessante entre a transformação digital e a biotecnologia. Os estudos sobre o genoma humano levaram anos e exigiram um investimento alto, gerando muita expectativa sobre os desdobramentos do projeto”, explicou. “Mas, se por um lado houve frustração, observamos também um acúmulo enorme de conhecimento ao longo dos anos, de modo que quando a tecnologia avançou, o projeto levou a inúmeras possibilidades para a medicina de precisão”, comparou o diretor.

A visão é compartilhada por Ademir Novais, que aproveitou o encontro para reforçar que o processo pode ser ainda mais frustrante quando a companhia não entende o que significa transformação digital. “A palavra ‘transformação’ vem antes da palavra ‘digital’ nesse termo, e isso não acontece à toa. As instituições precisam encarar a transformação digital como um caminho que exige tempo, investimento e engajamento”, apontou. “Nossa sociedade está em plena transformação: passamos a consumir dados como não consumíamos antes, de forma integrada à nossa experiência com o mundo”, disse.

A onisciência é possível?

Ainda que estejamos diante de inúmeras possibilidades, barreiras como a interoperabilidade seguem presentes. “Alcançar a onisciência exige que os sistemas que atuam simultaneamente estejam 100% alinhados”, comentou Novais. “A questão da coleta, por exemplo, é muito importante: se eu quero ter uma informação relevante, estratégica e confiável, preciso garantir que esse dado esteja sendo captado de forma correta desde o início. As soluções precisam conversar entre si para que os dados façam sentido”, explicou aos presentes.

Os custos reais também são um ponto de atenção. “No setor de saúde, diferente de áreas como a indústria, um processo de automação muitas vezes vem atrelado a um aumento de custos com mão de obra e equipamento. O CIO precisa ser sincero e expor os ganhos possíveis no longo prazo, mas deixando claro que na operação hospitalar existirá sim um incremento de custo. Essa transparência ajuda a evitar que o processo gere frustrações e seja interrompido na metade do caminho”, defendeu Simão. 

Quantidade x qualidade

Durante a discussão, Novais apontou também a necessidade de trabalhar a qualidade dos dados, tanto quanto sua quantidade. “É comum ouvirmos que os dados são o novo petróleo, mas frequentemente esquecemos que petróleo por si só não é valioso – precisa ser extraído, refinado e transformado. O mesmo deve acontecer com os dados”, defendeu. Simão complementou: “Nossa capacidade de gerar dados aumentou, mas nossa capacidade de operá-los não. Esse tsunami de informações chegará e nos pegará em um momento em que o modelo mental é um desafio, mesmo que a tecnologia não seja”, alertou o especialista.

Rizzatti reforçou também a importância de profissionais focados em dados dentro das empresas. “Trabalhar com dados nas organizações de saúde é lidar com uma verdadeira torre de babel para integrar e conseguir uma informação prática. Precisamos entender o cientista de dados como um integrante do grupo multidisciplinar de saúde”, acredita. “É claro que soluções tecnológicas fazem diferença, mas é a conexão das potencialidades trazidas por essa implantação que vai fazer com que a gente tenha de fato uma solução relevante para o hospital e o paciente. Conseguir atrair profissionais capacitados para isso não é simples e precisamos olhar para essa questão”, concluiu.

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