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Como deixar a saúde no Brasil mais sustentável?

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Médico e executivo do mercado de saúde inaugura sua coluna com um questionamento sobre um sistema de saúde viável e mais acessível

Escolhi a pergunta do título como ponto de partida para as reflexões que o Saúde Business me convidou a fazer, me unindo aos sensacionais colunistas deste portal. Pergunta que fazemos diariamente e trago como uma provocação para todos que querem um sistema de saúde viável e mais acessível aos brasileiros.

A saúde no Brasil é uma das mais complexas e desafiadoras do mundo, principalmente pela alta demanda, custos elevados de insumos e equipamentos, obstáculos na integração entre o público e o privado e o progressivo envelhecimento da população. Por isso, a sua sustentabilidade é uma preocupação constante de todos os gestores. 

Neste sentido, a importância dos indicadores é inquestionável. Eles permitem medir o desempenho dos serviços, assim como avaliar a efetividade das ações, processos em curso e políticas que refletem diretamente no cuidado com as pessoas. Sem indicadores e análises qualificadas, não há como se estabelecer uma avaliação precisa do que está ou não funcionando – e em como a assistência oferecida pode ser melhor e mais efetiva.

Os conceitos de desfecho, pertinência e eficiência são fundamentais para nos aproximar da resposta à minha pergunta inicial. Encontramos o desfecho nos resultados positivos dos pacientes, como a cura de uma doença ou a melhora dos sintomas e da qualidade de vida do paciente. A pertinência diz respeito ao grau de adequação dos serviços de saúde às necessidades de cada pessoa, ou seja, entregar o serviço de saúde nas indicações que realmente são necessárias. A eficiência, por sua vez, se refere ao uso efetivo dos recursos disponíveis, garantindo o cuidado adequado sem desperdício de recursos. A visibilidade desses indicadores é essencial tanto para o corpo clínico quanto para os gestores e demais atores do setor, como as operadoras.

É fundamental garantir a produção desses índices, com indicadores relevantes para os pacientes e que reflitam a qualidade dos cuidados prestados. Importantes players têm se debruçado sobre este tema, como a Mayo Clinic, nos Estados Unidos, que há mais de uma década vem desenvolvendo metodologias robustas de análise e divulgando os resultados periodicamente, garantindo outro elemento essencial em nossa equação: a transparência.

No Brasil, já temos exemplos exitosos do uso de grandes data lakes que armazenam e analisam, por meio de diversos algoritmos, gigantescas quantidades de dados que geram informações preciosas tanto para gestão como para o aprimoramento da jornada de cuidados dos pacientes. Além disso, acompanho o desenvolvimento de iniciativas semelhantes à da Mayo Clinic, propondo indicadores de governança relacionados aos conceitos de desfecho, pertinência e eficiência.

Certamente, muitos leitores perceberam a conexão que faço entre mensuração, gestão de resultados e controle de custos à medicina baseada em valor, uma abordagem que maximiza o valor para o paciente, equilibrando a qualidade dos cuidados e o custo.

Apesar de as metodologias de análise dos indicadores demandarem tempo e investimento, os benefícios que trazem são muito vantajosos. Afinal, a sustentabilidade do setor de saúde envolve a garantia de que ele seja capaz de atender às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às próprias necessidades. Isso significa garantir que o sistema de saúde seja financeiramente viável, ambientalmente responsável e socialmente justo.

Operar sobre uma equação tão multifacetada exige estratégias sinérgicas que busquem, sobretudo na prática clínica, alta eficiência, desfechos favoráveis e pertinência adequada. Tais indicadores devem nortear os processos de gestão, gerando um movimento uniforme, uma vez que gestão e clínica são dimensões do mesmo sistema.

Evidentemente um tema tão complexo - e crucial - não se esgota facilmente. Como disse no início, essa provocação merece mais debates, que certamente virão. Aguardo vocês nas próximas colunas. Até lá!  

Emerson Gasparetto é médico e Diretor Geral de Negócios Hospitalares e Oncologia na Dasa