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Como pensar as tendências tecnológicas para o setor da saúde

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Da inteligência artificial à interoperabilidade: descubra as tendências tecnológicas revolucionárias no setor da saúde, discutidas por Elton Tognon, da Nuria.

Tive a oportunidade de participar da conferência do Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) 2024, evento que tem como foco trazer discussões sobre inovação, tecnologia e casos práticos de impacto na realidade das instituições de saúde e que reuniu mais de 1,1 mil empresas líderes em tecnologia e 35 mil profissionais de todo o cenário global da saúde neste mês de março. Lá, muito se falou sobre o impacto prático da inovação no nosso segmento — especialmente a IA e interoperabilidade. 

Mais da metade dos conteúdos do evento focaram em inteligência artificial (IA generativa, LLM).  Apesar de falarmos constantemente dela e notarmos um enorme interesse por parte das empresas na tecnologia, percebo ainda uma necessidade de profissionais, líderes e organizações do setor refletirem sobre como tornar seu uso factível, saindo do campo da expectativa. Há um grande esforço para mover esse tema do hype para a realidade, mas notei que ainda há muitos debates por fazer.

Pensar a IA como parte de produtos e serviços é importante, mas igualmente necessário é refletir quais são as dores que a tecnologia resolverá. No mercado, o tema ainda precisa de uma aterrissagem com consciência e precisão; só assim conseguiremos colocar no ar funcionalidades relevantes.

Destaco a palestra de Robert Garret, CEO do Hackensack Meridian Health, no qual ele defende que a IA deve ser pensada em quatro frentes no setor da saúde: primeiro, na questão de acesso ao cuidado, facilitando o atendimento médico; segundo, para melhorar os resultados e serviços, gerando dados, insights e diagnósticos personalizados; terceiro, para promover equidade do cuidado, uma distribuição justa, reforçando o impacto social da saúde; e, por último, na sustentabilidade, para pensar maneiras de minimizar o impacto ambiental do setor. Definitivamente a IA Generativa representará um salto tecnológico e com impacto muito positivo na saúde, um caminho que deve ser traçado com ética e responsabilidade.

Outro tópico muito quente desde o ano passado é a interoperabilidade. A capacidade de interoperar os dados da saúde é fundamental para a evolução do setor — e uma necessidade latente — ao pensar em atendimentos personalizados, otimização de tempo e custos. Outros segmentos da sociedade já utilizam esse recurso, visto como motor de inovação. 

Entretanto, ainda existem problemas de conceituação. No HIMSS, três fóruns abordaram a interoperabilidade, cada um com uma abordagem diferente, levantando questões distintas. Apesar de haver muitos casos práticos, pude perceber que ainda não temos um senso comum sobre o assunto.

Para os negócios que pensam em investir nela, o grande takeaway é: analise os dados da sua empresa e entenda o fluxo atual dos processos. Fazer o básico que deve ser feito antes de qualquer projeto. Para quê? Qual é a minha meta? Como essa ferramenta vai me ajudar, ou ajudar meus usuários? Independentemente do porte das empresas, tem que fazer o exercício de “organização da casa”. 

Outra apresentação que chamou atenção foi a do Keller Rinaude, CEO da Zipline, que demonstrou aplicação da inovação por meio da utilização de drones na distribuição de suprimentos médicos em países da África, ou seja, a inovação aplicada em lugares difíceis de se imaginar. Além da palestra ministrada por Michael Ruggio e Mitzi Hill da English Duma LLP, abordando aspectos legais do uso de IA e outra da Rachel Tobac sobre o aspecto humano da segurança de informação pela. Para fechar o evento, ainda tivemos uma bela lição de liderança e superação do Coach Nick Saban.

Saí da conferência com a seguinte reflexão: mesmo a IA e interoperabilidade já capazes de viabilizar grandes transformações, é preciso pensar muito mais sobre sua utilização e seus impactos antes de aplicá-la aos negócios. Sair do campo das hipóteses para a prática requer estudo e sabedoria. 

*Elton Tognon é head de estratégias da Nuria, healthtech com autoridade em interoperabilidade no setor da saúde e pioneira no desenvolvimento de soluções digitais para melhorar o engajamento do paciente.