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O fortalecimento da Atenção Primária à Saúde na prevenção e manejo das doenças cardiovasculares

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As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte entre as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, pelo menos, 400 mil pessoas morrem por complicações causadas por problemas no coração. Dados como esse acendem um alerta sobre a importância da Atenção Primária à Saúde (APS) na prevenção, assim como no diagnóstico e manejo dos fatores de riscos e das enfermidades.

Os serviços de Atenção Primária são a porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) e são responsáveis por coordenar o cuidado em saúde. Desta forma, eles têm o papel, em primeiro lugar, de resolver a maior parte dos problemas comuns de saúde das pessoas com viés estratégico de organizar o sistema.

Uma APS forte possui quatro atributos essenciais: fácil e amplo acesso de primeiro contato, ou seja, os pacientes buscam a APS como primeira e principal fonte de cuidado; promover uma relação de confiança entre equipes de saúde e pacientes; uma carteira ampla de serviços em saúde (incluindo soluções tecnológicas); e a coordenação do cuidado dentro da rede assistencial.

Acima de tudo, a Atenção Primária precisa ser centrada nas pessoas, garantindo e fortalecendo os princípios do SUS de equidade, integralidade e universalidade. Além disso, é essencial que ela seja acessível a toda população, pois, sem acesso, é impossível colocar o cidadão como centro do cuidado de saúde.

Quando abordamos as doenças cardiovasculares, a APS assume um papel essencial no diagnóstico precoce e tratamento, pois quase todos os fatores de risco para desenvolvimento das DCVs são modificáveis, como tabagismo, colesterol alto, obesidade, diabetes, hipertensão arterial, entre outros. O colesterol LDL alto, chamado de colesterol ruim, por exemplo, é a principal causa da doença aterosclerótica, responsável pela obstrução das artérias, parcial ou totalmente, que pode levar ao infarto ou acidente vascular cerebral isquêmico. O controle do nível do LDL, além de mudanças no estilo de vida, pode ser tratado com medicamentos disponíveis no sistema público de saúde.

A diminuição das mortes evitáveis por doenças cardiovasculares é um caminho possível e alcançável por emo de medidas de prevenção e manejo precoce dos fatores de risco. Por isso, o fortalecimento das iniciativas de promoção de saúde e prevenção são primordiais para a diminuição dos índices, pois, no cenário ideal, o médico de família deve orientar os pacientes, desde o primeiro atendimento, para ações preventivas.

Ano passado, o Ministério da Saúde iniciou esse movimento de atenção às doenças do coração e apresentou a Estratégia de Saúde Cardiovascular (ECV). A estratégia contempla cinco eixos: fortalecimento de ações de educação e capacitação para profissionais e gestores, incluindo estratégias de autocuidado e aumento da adesão ao tratamento; qualificação do cuidado às pessoas com doenças cardiovasculares, incluindo ações de rastreamento, estratificação de risco, diagnóstico precoce e aperfeiçoamento dos processos de cuidado; fortalecimento dos processos de gestão, estrutura física, organização de processos de trabalho e disponibilidade de equipamentos na APS para o cuidado das pessoas com doenças cardiovasculares; incentivo à produção de pesquisa em doenças cardiovasculares para inovação e atualização da assistência e da gestão nas temáticas relacionadas ao cuidado das pessoas com essas doenças.

Existem muitos desafios no combate às doenças cardiovasculares, em especial, no controle do colesterol e outros fatores de risco, assim como para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, tanto no sistema público como na saúde suplementar. Desta forma, a união de iniciativas do governo e parcerias público-privadas é o caminho para melhorar a experiência das pessoas e garantir a sustentabilidade do sistema de saúde e otimizar a a qualidade de vida das pessoas. Para alcançar esses objetivos, é primordial que a Atenção Primária seja fortalecida para ser mais efetiva em conter a escalada das DCNTs, incluindo, as enfermidades cardiovasculares.

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*Médico de Família. Doutor em Medicina Preventiva e Saúde Pública pela Universidad de Alicante, Espanha. Pós-Doutor em Epidemiologia pela UFRGS. Professor de Medicina de Família e do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Criador do Telessaúde RS-UFRGS. Foi Secretário Municipal de Saúde de Porto Alegre, 2017-2018. Foi Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde 2019-2020. É atualmente Gestor de Atenção Primária à Saúde na Salute.