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Pandemia, Ano 2: o que mudou e o que ainda vai mudar na digitalização da saúde?

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Por Tiago Delgado é sócio-fundador da Medicina Direta, empresa especializada em gestão e serviços digitais para clínicas e consultórios

Quando a pandemia de Covid-19 começou, já no distante março de 2020, sequer imaginávamos as transformações que iriam ocorrer em diferentes setores da sociedade. Entre a urgência de encontrar soluções para conter o avanço da doença e a necessidade de manter a rotina, novos comportamentos e hábitos foram assimilados nesse caminho. Isso vale em nossa vida pessoal, profissional, na esfera pública, empresas e, claro, nas organizações de saúde. Enquanto médicos e enfermeiros iam para a linha de frente, era preciso seguir com consultas, atendimentos, cirurgias, entre outras tarefas.

Diante desse cenário, era evidentemente que a tecnologia iria ganhar um espaço no dia a dia do setor justamente por fazer aquilo que o profissional de saúde não conseguiria fazer. Diversas soluções passaram a fazer parte das consultas, auxiliando nos diagnósticos e, principalmente, no atendimento mais humano aos pacientes. A questão é que dois anos depois essa transformação ainda está em curso, à medida em que a própria pandemia passa por uma metamorfose com a campanha de vacinação em massa e suas variantes. Assim, é preciso saber quais mudanças já estão consolidadas e quais ainda irão ocorrer.

O que já mudou na relação entre o ambiente digital e saúde?

O próprio debate em torno da presença da tecnologia na medicina já foi uma primeira mudança importante. Não que as soluções digitais já não estivessem presentes antes da pandemia de covid-19, mas foi a partir dela que passaram a ser vistas realmente como importantes. Não era raro encontrar médicos que se recusavam a automatizar seus consultórios. Hoje, essa realidade não é mais possível. O prontuário eletrônico, por exemplo, é cada vez mais indispensável por centralizar todas as informações e processos em uma única plataforma.

A telemedicina também é um exemplo bem sucedido de digitalização. Aprovado em caráter excepcional para evitar aglomerações em consultórios, sua utilização já é uma realidade para médicos e pacientes – tanto que continua como tendência mesmo já com dois anos de coronavírus. O uso de smartphones, tanto como ferramenta de comunicação como, principalmente, de gestão também está presente em grande parte do país. Por meio desse dispositivo móvel, é possível ter acesso a quase tudo sobre pacientes e o trabalho.

Por fim, não podemos nos esquecer justamente da importância dos dados no dia a dia do profissional de saúde. Já citamos anteriormente a necessidade de ter informações atualizadas e disponíveis sobre pacientes, diagnósticos, entre outros com o prontuário eletrônico. Hoje, não há mais espaço apenas para a experiência e o feeling. É preciso combinar informações variadas (como receitas, histórico médico, histórico familiar, dados demográficos, etc) para chegar ao melhor prognóstico e, consequentemente, ao melhor tratamento.

E o que ainda falta mudar na digitalização da saúde?

O tripé prontuário eletrônico – telemedicina – dados digitais serve como uma base importante para clínicas, consultórios e hospitais, mas as transformações no setor de saúde não param nele. Dessa forma, é preciso enxergar além e ver como a digitalização pode potencializar ainda mais o trabalho dos profissionais de saúde.

Nesse sentido, ainda é preciso consolidar o conceito de “jornada do paciente” em todo o setor. Isso significa colocar as demandas da pessoa no centro da tomada de decisão e estimular processos e modelos que permitam a melhor consulta. Ou seja, com menos tempo de espera nos atendimentos presenciais, utilização de soluções digitais que facilitem a comunicação e até o envio de documentos, como receitas, e a preocupação em oferecer um tratamento adequado.

Outro ponto necessário é o cuidado com a segurança digital. A Lei Geral de Proteção aos Dados Pessoais (LGPD) já está em vigor há quase dois anos também e, com o avanço da digitalização, as informações de pacientes tornam-se ainda mais valiosas. Protegê-las é um dever de todas as organizações de saúde, principalmente por se tratarem de dados sensíveis. Imagina o dano que é um possível vazamento de informações médicas no ambiente digital. Por conta disso, o investimento em cibersegurança precisa entrar na pauta de todo o setor.

O mundo mudou muito nos últimos dois anos – cabe aos setores se readequarem a esse momento e, claro, identificarem como podem melhorar seus serviços. Pelo menos uma coisa é certa: a tecnologia precisa estar ao lado dos médicos daqui por diante. Sem ela, o trabalho vai ser mais difícil e, claro, o atendimento ao paciente não vai ser satisfatório. Mas quando se tem a tecnologia ao lado, fica mais fácil de melhorar esses pontos e, claro, potencializar a própria capacidade e conhecimento adquirido em sua carreira.


* Tiago Delgado é sócio-fundador da Medicina Direta, empresa especializada em gestão e serviços digitais para clínicas e consultórios