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A telemedicina pode encurtar a fila do INSS

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Por Jihan Zoghbi, presidente da startup Dr. TIS e da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS)

O uso da telemedicina em perícias médicas é um assunto que interessa, no mínimo, a 36,2 milhões de brasileiros e suas famílias. O número corresponde aos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desse total, mais de 31,4 milhões são aposentados e pensionistas e 4,7 milhões recebem seguros assistenciais.  É natural e saudável que a inovação gere um debate, mas a iniciativa pública de testar o modelo, de forma geograficamente ampla, deve ser aplaudida de pé. 

A dimensão continental do Brasil, a carência em infraestrutura em diversas regiões e a desigualdade socioeconômica muitas vezes dificultam o acesso de quem precisa e tem direito ao serviço. O Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a questionar o órgão sobre sua fila de espera, que durante a pandemia ultrapassou a marca de 1,7 milhão de cidadãos — a maioria requerente de Benefício de Prestação Continuada, destinado a portadores de deficiência de baixa renda. 

Por isso, o recente anúncio da cooperação técnica entre o INSS e 10 prefeituras para realização de teleperícias é um passo importante em direção ao respeito e à inclusão. Conforme Portaria Conjunta INSS/SPMF nº 16 de 13 de janeiro de 2021, o projeto-piloto segue até o dia 13 de abril em municípios do Amazonas, Rondônia, Piauí, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. São Estados que representam todas as regiões do país. Isso ajuda a dimensionar a resolutividade que a telemedicina proporciona, em diferentes realidades.

É fato que o emprego da tecnologia democratiza o acesso ao serviço. Aliás, ao longo dos dois últimos anos no conturbado cenário gerado pela Covid-19 e por surtos de Influenza hospitais e clínicas conseguiram gerenciar melhor seu capital humano a partir da teleconsulta. Além de desafogar o sistema, a ferramenta permitiu atender milhões de pacientes em casa, somente com um celular e acesso à internet. 

A Previdência é um tema de importância global e diretamente ligada ao futuro. Todo o esforço que está sendo feito atende não apenas à demanda represada do presente. Prepara um amanhã mais sustentável e mais justo. Porque sim, é uma questão de justiça! Obrigar um idoso ou uma pessoa com deficiência a sair de casa e percorrer mais de 500 quilômetros, como ocorre em algumas cidades do Nordeste, não deveria ser a única opção. Quem contribuiu durante toda a vida tem direito a uma alternativa segura, célere e que funcione. 

Estejamos conscientes de que cada passo rumo à modernização do serviço aproxima o Brasil do que já é uma tendência internacional: a telemedicina. Que o avanço auxilie os profissionais da área médica — essenciais para a correta avaliação de cada caso — e possa contribuir para o aprimoramento de métodos e sistemas. Na prática, no mundo real, teremos pessoas mais próximas dos entes queridos e menos preocupadas com burocracias. E médicos com condições mais dignas de exercer seu nobre trabalho. 

Encurtar a fila de espera do INSS é uma missão que merece apoio dos governos, da iniciativa privada, enfim, de todos os que acreditam na democratização do acesso à saúde. A telemedicina resolverá esse gargalo histórico? O tempo e a experiência concreta deste novo modelo responderão. Importa é que o primeiro passo foi dado e o maior desejo dos brasileiros é o de que tenha pleno êxito.


Jihan Zoghbi é PhD em Ciências da Computação e Matemática, presidente da startup Dr. TIS e da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS); A startup, fundada em 2018, é especializada em gestão de imagens médicas e plataforma de telemedicina. A healthtech está presente em 20 estados brasileiros com atendimento a mais de 250 hospitais, clínicas e centros de diagnósticos por imagem.