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De frente com o Dr. Marvin: um bate-papo com Glauce de Almeida Brito, especialista em auditoria de contas médicas do HIAE

Article-De frente com o Dr. Marvin: um bate-papo com Glauce de Almeida Brito, especialista em auditoria de contas médicas do HIAE

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Em entrevista, a também atual gerente de contas médicas do Hospital Israelita Albert Einstein conta como a IA e softwares com a tecnologia embarcada podem facilitar o dia a dia de profissionais da área

Prazos apertados, volume de contas a serem revisadas, informações do prontuário do paciente sob análise, pendências em documentos. Esses são apenas alguns dos desafios que profissionais da auditoria de contas médicas possuem todos os meses — ou todos os dias — dentro das instituições de Saúde no Brasil. Isso sem mencionar trabalhos específicos que toda organização tem de lidar. 

Em hospitais, há uma atenção especial em relação à entrada e saída de pacientes versus as diferentes operadoras que estão por trás de cada internação, de cada cirurgia, de cada atendimento. Afinal, cada acordo prevê uma cobertura e, assim, a auditoria também precisa considerar esse detalhamento em prol de uma assertividade no processo. 

Assim, a inteligência artificial — e softwares que levam a tecnologia no cerne da sua composição — podem promover impactos verdadeiramente transformadores no trabalho dos especialistas da área. "A realidade do nosso dia a dia é que tudo acontece perto do fechamento do mês. Assim, é preciso despender um tempo considerável no processo", comenta a especialista em auditoria de contas médicas Glauce de Almeida Brito, atualmente gerente de contas médicas do Hospital Israelita Albert-Einstein e também docente do curso de Pós-Graduação de Auditoria e Serviços em Saúde e Cirurgia Robótica da mesma instituição. 

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Glauce, que trabalha há quase 18 anos neste  mercado, ressalta o quanto a auditoria de contas médicas ainda é uma área carente de inovação e de interesse, do ponto de vista de investimentos dentro de um hospital. "Há, ainda hoje, muitos prestadores e hospitais que não possuem esse desenvolvimento tão acurado, porque ainda não entenderam o tamanho que deve ter a qualidade dessa operação", lamenta ela, que é também enfermeira graduada pela Universidade de São Paulo (USP) com MBA em gestão e promoção de Saúde pela Faculdade de Medicina de São Paulo e MBA executivo em Saúde na Faculdade do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). 

Nas próximas linhas, você acompanha um bate-papo que tivemos com a especialista, onde ela conta com detalhes como a área de auditoria de contas médicas, em geral, funciona atualmente dentro de hospitais, os desafios do dia a dia, bem como aponta os benefícios que a inteligência artificial poderia levar ao dia a dia dos profissionais do setor. 

> Na sua visão, com base em sua vivência de 18 anos de mercado, quais as principais dificuldades de auditores dentro de hospital? 

Acredito que tudo começa pelo fato de que a auditoria sempre esteve em último lugar quanto a receber investimentos de inovação – tanto internamente quanto espaço físico. Lembro de relatos de colegas de hospitais onde auditores não tinham cadeira para sentar e realizar seus trabalhos. Eles, então, imprimiam as contas e iam para outro andar qualquer, tamanha era a ausência de métrica e da noção de necessidade que se tinha desse autor. Infelizmente, hoje, alguns hospitais ainda tratam auditores como um agente que tem de entrar e sair rapidamente quando vai ao hospital. 

> Você percebe as instituições de Saúde, principalmente hospitais, como locais tecnologicamente maduros? Como elas encaram a atuação da área de auditoria de contas médicas? 

Estou em uma instituição, hoje,  que teve um despertar para a tecnologia e inovação há um bom tempo – mas isso é uma exceção. Graças a esse respaldo e ao trabalho da minha equipe, conseguimos fazer com que a auditoria de contas médicas não fosse vista meramente como uma área de 'ajuste de compra', ou de 'negociação de conta', muito pelo contrário: eu participo do planejamento estratégico e isso é extremamente importante, porque significa que há uma estratégia dentro da organização construída em cima daquilo que eu fabrico todos os dias com o meu trabalho. 

Mas nem todo lugar é assim. Eu vivo isso há muito tempo e posso dizer que há, ainda hoje, muitos prestadores e hospitais que não possuem esse desenvolvimento tão acurado, porque ainda não entenderam a tamanha qualidade que deve ter essa operação. 

> Pegando o gancho da questão de tecnologia e inovação, como as ferramentas podem melhorar o dia a dia dos auditores e das próprias instituições de Saúde? 

Primeiro precisamos ver a realidade de cada local. Eu sempre digo aos meus alunos que a tecnologia é um meio, mas temos de ser factíveis: não adianta levar um modelo super elaborado para um lugar no interior do interior de algum estado por aí, onde sei que sequer tem Prontuário Eletrônico instalado. Tudo precisa vir de uma construção, de endereçar aquilo que realmente precisa ser adaptado, de entender qual a realidade do lugar e reconhecer que a auditoria é uma área operacional, mas que precisa necessariamente estar vinculada à estratégia da instituição. E, acima de tudo, precisamos entender o papel desse auditor. 

Hoje, meu papel dentro do hospital é maximizar a receita, visto que não sou uma área que gera valores. Quando optei pelo uso de Inteligência Artificial, é porque eu já não estava mais na fase de ter de fazer tantos lançamentos em conta e queria algo que fizesse com que efetivamente minha conta espelhasse um prontuário. A IA foi esse método, que diminuiu o tempo despendido com a leitura de prontuário e otimizou meu processo como um todo.