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Escassez de médicos no Rio Grande do Sul pode ser agravada por negativas do MEC

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93.3% das Regiões de Saúde do estado não atendem recomendação de ter pelo menos 3,73 médicos por mil habitantes.

O Rio Grande do Sul, gravemente impactado por uma catástrofe climática, enfrenta uma grave escassez de médicos, e a situação pode se agravar. O Ministério da Educação (MEC) está considerando negar 13 pedidos para a criação de novos cursos de medicina e nove solicitações para aumento de vagas no estado. 

De acordo com a OCDE, o ideal é que haja 3,73 médicos para cada mil habitantes em cada região de saúde. No entanto, 93,33% das regiões de saúde no Rio Grande do Sul estão abaixo dessa meta. Apesar dessa disparidade, o MEC parece inclinado a rejeitar novos cursos de medicina, utilizando um critério focado nas cidades em vez das regiões de saúde, o que vai na contramão do que a Lei dos Mais Médicos prevê. 

Preocupação dos especialistas 

“A Lei dos Mais Médicos estipula que a relevância e a necessidade social para a implantação de novos cursos de medicina devem considerar a região de saúde e não apenas o município. Contudo, o MEC e a SGTES/MS têm ignorado esse critério legal e restringido a criação de novos cursos com base apenas em dados municipais”, explica Esmeraldo Malheiros, da AMIES (Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior).  

Rafael Henn, presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), expressa preocupação com a situação. “É alarmante ver o MEC negar a abertura de novos cursos e vagas em medicina. Usar a proporção de 3,73 médicos por mil habitantes em municípios isolados não faz sentido. O correto seria considerar as regiões de saúde, que abrangem um número maior de municípios e fornecem uma visão mais precisa e realista da demanda”, afirma. 

Impacto da falta de médicos nas áreas afetadas 

Com uma população de mais de 10 milhões e mais de 54 mil médicos especialistas, o Rio Grande do Sul possui 20% de suas regiões com apenas 1,7 médicos por mil habitantes. Cidades severamente afetadas pelas enchentes, como Bento Gonçalves e Estrela, fazem parte de regiões com números de médicos abaixo do recomendado. 

“A medicina desempenha um papel social crucial. Nos primeiros dias das enchentes, alunos e professores de diversas especialidades, como pediatras, fisioterapeutas e psicólogos, se mobilizaram para prestar atendimento imediato nas áreas afetadas. Além da contribuição humana, as universidades comunitárias ofereceram sua infraestrutura para acolher a população. A Unisinos, por exemplo, recebeu mais de 1.800 pessoas sem custos. É fundamental que tenhamos mais médicos para continuar assistindo a população e auxiliar na reconstrução do estado”, conclui Rafael. 

Entre as especialidades médicas com número reduzido de profissionais no Rio Grande do Sul estão: alergista e imunologista (42 médicos), cancerologista pediátrico (38 médicos), geneticista (33 médicos) e sanitarista (18 médicos).