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6 cenários distópicos da tecnologia na Saúde - e como evitá-los

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O futuro da Saúde é digital e planejado para que a tecnologia melhore a assertividade na tomada de decisão. Mas, para tudo funcionar bem, devemos estar atentos ao seu desenvolvimento responsável

O que você faria se o futuro da Saúde se transformasse em uma espécie de corrida acirrada entre o potencial de crescimento da tecnologia e a nossa sabedoria para usá-la? Vamos lá, pense um pouco mais antes de responder, pois vale a pena refletir sobre isso. Para Stephen Hawking, o verdadeiro autor dessa indagação futurística, a única saída possível é aprendermos a garantir juntos, como sociedade, que a sabedoria permaneça sempre vitoriosa. Mas será que estamos nos preparando para tal?

“Nosso futuro é uma corrida entre o potencial de crescimento da tecnologia
e nossa sabedoria ao usá-la. Precisamos garantir que a sabedoria vença."

Stephen Hawking, "Breves respostas para grandes questões"

Em 2018, quando seu livro foi publicado, ninguém imaginava que o salto da transformação digital chegaria à proporção que temos hoje. Ainda assim, a visão crítica sobre o desenvolvimento responsável da tecnologia que Hawking estimula não poderia ser mais atual. 

Sobretudo porque, no passado, a falta de reflexões nesse sentido resultou em inovações que trouxeram perdas irreparáveis para a humanidade, como as bombas atômicas criadas por Oppenheimer durante a Segunda Guerra Mundial.

Para ajudá-lo a entender melhor todas possibilidades - e seu potencial de se tornar uma triste realidade -, convidamos um grupo de especialistas em tecnologia para construir e analisar mais a fundo seis cenários distópicos na Saúde. A partir desse exercício de futurologia, listamos as reais ameaças do uso desmedido de recursos como inteligência artificial, cibernética, ciência de dados e engenharia genética, entre outros, e as formas de evitar que elas de fato aconteçam.

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1. E se... a inteligência artificial substituir o profissional da Saúde?

É verdade que nem todo emprego pode ser trocado por uma máquina, mas o desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial opacos pode fazer com que a tomada de decisão tenha um viés cada vez mais incoerente e seja injusto em sua aplicabilidade. Nesse sentido, seria ético receber um diagnóstico de câncer em estágio terminal de um robô, por exemplo?

Para evitar tal situação, é preciso mais atenção com as pessoas - e empresas - que estão desenvolvendo esses códigos. E usá-los não para a substituição do contato paciente-médico, mas para dar suporte ao profissional da Saúde, em tarefas preditivas e no monitoramento ativo de pacientes, seja direcionando os achados diagnósticos das imagens médicas ou garantindo ganho de tempo das equipes com a assistência aos pacientes internados.

2. E se... a internet das coisas (IoT) for controlada por criminosos?

O futuro da Saúde é feito de leitos inteligentes, salas de cirurgias conectadas e wearables, como relógios e celulares, coletando preciosos dados clínicos em tempo real na chamada Internet das Coisas Médicas (IoTM). Agora imagine se toda essa tecnologia conectada à rede Wi-Fi ou 5G pudesse ser hackeada e sequestrada em uma extorsão digital?

Como o risco de ciberataques é cada vez maior, evitar o vazamento de dados tão sensíveis é uma ação urgente para todas as organizações de Saúde. Não há dúvidas que a aplicabilidade da IoT na área médica facilitará a adoção de uma medicina preventiva de fato, mas a privacidade dos usuários e a segurança da informação são assuntos urgentes para a gestão da Saúde.

3. E se... a cibernética permitir que a consciência sobreviva para sempre?

A tal imortalidade digital ainda não é uma realidade, mas já existe tecnologia suficiente para que seja uma possibilidade viável. Na Saúde, por exemplo, a cibernética já permite a implantação de chips no cérebro que ajudam a reduzir dores ou sintomas de doença de Parkinson. Portanto, pensar em um upload de transferência mental não parece algo muito distante, especialmente quando há tantos bilionários querendo viver para sempre.

Só que a teoria da vida eterna tem entraves, que merecem ser bem refletidos e até regulamentados. A começar por questões legais e jurídicas e suas responsabilidades éticas. Além disso, a dependência de máquinas para arquivar tantas informações pode contribuir ainda mais para a desumanização das relações, o que resultaria em uma perda de consciência coletiva da sociedade.

4. E se... a Internet do Comportamento moldar seu cérebro de vez?

Em tempos de redes sociais, já é frequente que pessoas que não são da área da Saúde indiquem tratamentos e alimentos para “curar” males da vida moderna, como excesso de peso ou crises de ansiedade. Com o uso da ciência de dados e uma aplicação irresponsável da Internet do Comportamento (Internet of Behavior - IoB) o usuário pode ficar ainda mais vulnerável a consumir produtos e serviços de Saúde sem nenhuma comprovação científica.

Contra essa possibilidade, é preciso que as leis de privacidade, que hoje variam de região para região, se tornem mais firmes na fiscalização da chamada manipulação digital. Além delas, também é preciso que seja aprimorada a fiscalização digital das agências sanitárias sobre empresas que oferecem soluções de Saúde sem qualquer embasamento científico.

5. E se... a ciência de dados tomar todas as decisões médicas?

A ciência de dados e suas ferramentas como Business Analytics e inteligência artificial, já apoiam a tomada de decisões médicas a partir de dados coletados, colaborando para definir estratégias que antecipam tendências diagnósticas. Só que tudo isso ainda depende do aval e da decisão final do médico. Só que se essa tecnologia for empregada de forma não supervisionada, pode permitir que os algoritmos do futuro reproduzam decisões injustas que permearam o modus operandi do passado ou até que perpetuem preconceitos a partir de decisões enviesadas.

A melhor solução possível é criar uma equidade de acesso que impeça que o mau uso no desenvolvimento da tecnologia, crie empecilhos até mesmo para o acesso ao sistema de Saúde no futuro (imagine só se pessoas  forem impedidas de ter um plano de saúde por seus hábitos ou características físicas?).

6. E se... a engenharia genética criar novos seres humanos?

Técnicas de biologia molecular evoluíram tanto nas últimas décadas que hoje a discussão sobre a linha tênue entre manipulação genética terapêutica e reprodutiva é tema de comitês de ética em diferentes países - embora ainda não exista um consenso mundial sobre o que deve, ou não deve, ser permitido entre criação de clones e/ou de órgãos vitais para transplantes 100% compatíveis.

Por isso, a única saída viável é discutir mais sobre leis de biossegurança, sejam elas locais ou mundiais, que assegurem restrições para a manipulação do material genético e impeçam a clonagem humana. A criação de uma raça de “superhumanos” sem variabilidade genética, além de criar padrões estereotipados, traz consigo o risco de exterminar formas biológicas protetivas da raça humana.

Ouça também a Podsérie “E se” completa:

 


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