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Antes de praticar sustentabilidade, é preciso compreendê-la

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Todos saem ganhando ao investir em uma infraestrutura hospitalar sustentável. Soluções já existem e estão cada vez mais modernas, mas isso não significa que o custo seja necessariamente alto

Promover a sustentabilidade, sobretudo quando aplicada ao universo hospitalar, não significa apenas focar em ações com efeitos benéficos ao meio-ambiente, ainda que este seja um objetivo intrínseco ao próprio conceito. Um hospital sustentável, além de poupar recursos naturais, obtém vantagens econômicas claras, pois, como o nome já diz, pode se “sustentar”. Instituições de saúde sustentáveis têm um ciclo de vida muito mais longo do que as que não se preocupam com essa questão, pois conseguem direcionar melhor suas aplicações, reduzindo desperdício de recursos - e, consequentemente, de gastos.

Acontece que nem sempre a definição de sustentabilidade é ampla e suficientemente debatida na área da Saúde, o que faz com que o investimento nesse quesito não seja visto como prioridade. E isso é um dos grandes desafios quando pensamos em futuro, já que, com o aumento na expectativa de vida e o envelhecimento da população, a demanda por cuidados com a saúde deverá crescer nas próximas décadas.

Mas, ao contrário do que muita gente pensa, modernizar a infraestrutura, a fim de garantir um edifício hospitalar sustentável, não é um investimento caro, principalmente quando se analisa os ganhos, que são muitos.

Um dos maiores exemplos de ações sustentáveis é a modernização do sistema de iluminação, que, em um hospital, deve ficar ligado 24 horas por dia. Isso representa uma parcela importante no gasto de energia. A utilização de iluminação em LED, mais econômica, já produz um impacto significativo no meio ambiente e nas finanças da instituição. “Esse retorno geralmente ocorre no primeiro ano. Então, o hospital pode fazer um investimento a cada dez anos, que é o tempo estimado de vida útil de um sistema de iluminação em LED. Sem falar que ele vai economizar até 70% do que gasta com energia na iluminação durante os nove anos de vida útil restante”, explica o professor Luiz Carlos Pereira da Silva, doutor em Engenharia Elétrica e coordenador geral do projeto de Campus Sustentável da UNICAMP.

Contudo, é sempre bom lembrar que a qualidade dos produtos utilizados na iluminação também deve entrar nessa conta. Lâmpadas de LED de baixa qualidade podem até ter um custo menor, mas são mais propensas a causar “sujeira” na rede elétrica, o que, como consequência, deve gerar um prejuízo desnecessário ao hospital.

Sustentabilidade na prática

Mudar o sistema de iluminação, por si só, não é suficiente. Um edifício hospitalar sustentável abrange um conjunto de soluções, que vão desde a automação e integração de sistemas e operações, até a escolha de materiais adequados para a infraestrutura. “Ao modernizar o sistema operacional do hospital, os custos diminuem e pode-se investir mais em equipamentos e atendimento aos pacientes. Então, todo mundo sai ganhando com o foco na sustentabilidade, não apenas o meio-ambiente”, diz Luiz Carlos. Veja alguns exemplos:

  • Climatização: essa área, assim como a iluminação, gera um alto consumo de energia em hospitais. Uma solução de climatização baseada em sistemas centrais, como o de água gelada, por meio de chillers, vai ser mais eficiente para climatizar todo o hospital e fazer o controle de temperatura, pressão e umidade em instalações críticas, como os centros cirúrgicos. Salas de exame de alta complexidade também se beneficiam, pois os equipamentos de última geração dependem de um bom controle de temperatura ambiental para desempenhar suas funções. Portanto, a automação desse sistema não só é mais econômica e sustentável, como torna sua gestão mais eficiente e segura.
  • Água quente: é um elemento essencial em um hospital, não só para o banho de pacientes, como para o uso em cozinhas. Segundo Luiz Carlos, a integração de sistemas de água e climatização é uma solução sustentável. “O aproveitamento de energia térmica do sistema de climatização para a produção de água quente também é um ponto a ser explorado”, explica o professor.
  • Energia limpa: hospitais grandes possuem uma ampla área no telhado, e a utilização de painéis solares para a produção de energia fotovoltaica, hoje em dia, tem muita viabilidade econômica.
  • Uso inteligente do gás: a convergência de processos térmicos e elétricos é outro caso de projeto que visa reduzir impacto ambiental e econômico em hospitais. É possível, por exemplo, haver uma cogeração a partir da rede de gás. Enquanto uma parte do gás pode ser usada para gerar energia elétrica, o rejeito desse sistema é utilizado para produzir água quente. É bom saber que a substituição do diesel usado em geradores (sistema de backup) por gás, para o fornecimento emergencial de energia, é uma medida mais sustentável. “A criticidade e a necessidade de operação contínua de hospitais são fatos que não podem ser desprezados, mas é possível acomodar critérios de sustentabilidade na estrutura, lembrando das vantagens econômicas”, explica o especialista.

Por fim, o professor ressalta que a automação é o caminho para a criação de hospitais inteligentes e sustentáveis. Integrar sistemas, viabilizar trocas de energia reutilizando rejeitos de um processo em outro dentro do conceito de cogeração, usar sensores e medidores de forma intensiva para gerir todos esses processos... tudo isso é possível, acessível e vai agregar valor ao hospital, beneficiando as finanças da organização de saúde, a sociedade e, claro, o planeta.